segunda-feira, 7 de setembro de 2015

CRUEL COMPAIXÃO – 1994

“Devo ser cruel para fazer o bem. Assim nasce o mal – e por detrás, o pior vem.” (William Shakespeare apud SZASZ, 1994: 9 epígrafe)

“A benevolência é cultivada constantemente pelos filantropos, às expensas da modéstia, da veracidade e da consideração pelos direitos e pelos sentimentos dos outros; pois, pelo simples fato de um homem dedicar-se a esforços conscientes para tornar outras pessoas mais felizes e melhores do que são, esse homem afirma conhecer melhor que eles quais são os elementos necessários que constituem a felicidade e a bondade. Em outras palavras, ele se arvora em seu guia e superior.” (Jurista Vitoriano James Fitzjames Stephen apud SZASZ, 1994: 15-16)

 “Em nosso [psiquiatria] afã de medicalizar a moral, transformamos quase todos os pecados em doença. Raiva, gula, luxúria, orgulho, preguiça são todos sintomas de doenças mentais.” (SZASZ, 1994: 22)

Somente os anjos são capazes de ginásticas existenciais de odiar o pecado mas amar o pecador. Os mortais comuns são mais propensos a praticar o pecado na intimidade e odiar o pecador em público”. (SZASZ, 1994: 26)

“Tirar um homem, que sequer cometeu um leve delito, de uma comunidade que ele escolheu para viver é uma violação evidente da liberdade e da justiça normal.” (Adam Smith apud SZASZ, 1994: 35)

“A história nos ensina não apenas que os pais sempre abusaram dos filhos, mas também que cada prática abusiva socialmente adotada estava, por definição, tão bem integrada na cultura que a servia que, para uma pessoa razoavelmente aculturada, não parecia de modo algum ser um abuso.” (SZASZ, 1994: 104)

“No Ocidente, um pai não pode consentir que seu filho menor tenha relações sexuais com uma pessoa adulta (“para o próprio bem do filho”). Igualmente, não se deveria permitir que um pai consentisse que seu filho tivesse relações psiquiátricas (“para o próprio bem do filho”). As relações sexuais entre adulto e crianças são legalmente consideradas como estupro; a psiquiatria infantil deveria ser banida, como um estupro psiquiátrico.” (SZASZ, 1994: 109)

“Sou a favor da eutanásia para esses seres [paciente mental infantil] sem esperança, que nunca deveriam ter nascido – enganos da natureza... Creio que seja um ato de misericórdia e de bondade livrar esses defeituosos da agonia de viver... O organismo social crescerá e irá de encontro ao desejo de mitigar, decentemente, a vida dos absolutamente incapacitados, esterelizar os menos incapacitados e educar os menos incapacitados... e, assim, a civilização poderá progredir para sempre em harmonia.” (Um dos maiores Psiquiatras na América em 1941 Foster Kennedy apud SZASZ, 1994: 116)

“Vivemos enganando a nós mesmos de que ter um lar e ser mentalmente saudável são nossas condições naturais – e de que nos tornamos sem-lar ou mentalmente doentes quando “perdemos” nossos lares e mentes. O oposto é que é verdade. Nascemos sem lar e sem raciocínio e temos que nos esforçar e nos alegrar se conseguirmos edificar um lar seguro e uma mente sã.” (SZASZ, 1994: 138-139)

“(...) nós frequentemente atribuímos o mau comportamento à doença (para desculpar o agente); nunca atribuímos o bom comportamento à doença (a menos que privemos o agente de crédito); e, tipicamente, atribuímos o bom comportamento ao livre arbítrio e insistimos que o mau comportamento, chamado de doença mental, é um ato “não falho” da natureza.” (SZASZ, 1994: 167)

“É mais do que certo que, sob a máscara da devoção e do gesto piedoso adoçamos, sim, o próprio demônio.” (William Shakespeare apud SZASZ, 1994: 180)

“Os gregos entendiam que encontrar a verdade era um ato de descoberta que exigia remover “o véu que cobre ou oculta algo”. O véu que usamos para encobrir a verdade da condição humana é a psiquiatria. Se o levantarmos, redescobriremos os fundamentos familiares da existência, isto é, que algumas pessoas trabalham e outras não – e que o negócio da psiquiatria é distribuir alívio aos pobres (disfarçado em cuidado médico) e a adultos dependentes (cuja indolência e falta de pudor são disfarçadas em doença).” (SZASZ, 1994: 225)

“A verdade é que, após tratamento com drogas neurolépticas, os pacientes mentais tendem a ficar mais doentes e mais incapazes que antes. Muitos exibem os efeitos tóxicos das drogas, sofrendo de uma perturbação neurológica desfigurante chamada de “discinesia tardia”. Praticamente, todos eles continuam a depender da família ou da sociedade para alimentação e abrigo. O contraste estabelecido entre o hospital mental e a comunidade é uma mentira. Os domicílios que agora recolhem pacientes mentais crônicos não são nem mais nem menos parte da comunidade do que o hospital do Estado.” (SZASZ, 1994: 231)

“Uma vez que o paciente mental que se enquadra nos benefícios por invalidez é considerado como permanentemente incapaz de trabalhar, ele não tem que se submeter a tratamento, pode viver onde quiser e gastar seu dinheiro como bem entender; pode casar-se, divorciar-se, ter filhos e votar. Se for detido por algum crime, pode alegar insanidade. A única coisa que ele deve fazer para qualificar-se a receber os fundos federais é permanecer louco e desempregado.” (SZASZ, 1994: 247)

“A maioria das pessoas acredita que pessoas psicóticas sofrem de ilusões e alucinações, executam atos ilógicos ou sem motivo e negam sua doença. A verdade é mais simples e mais dolorosa. Os atos e as falas dos psicóticos fazem muito sentido, mas isto é algo tão perturbador que preferimos não ouvir nem entender. Essa recusa de uma pessoa normal em reconhecer o método na conduta irregular do outro pode ser uma opção existencial razoável. Mas aquele que não quer entender o outro, não tem direito a dizer que aquilo que o outro faz ou diz não faz sentido.” (SZASZ, 1994: 271)

“porque eu percebi que você [SZASZ] queria manter os valores do livre arbítrio e da responsabilidade e era forçoso reconcilia-los com a psiquiatria. Por mim, muito antes de ter mudado minha residência da medicina para a psiquiatria, estou certo de que isso era impossível, que a psiquiatria estava basicamente errada...” (Menninger apud SZASZ, 1994: 304)

“Tenho em mãos seu novo livro, Insanity: The idea and its consequences. Li parte dele ontem e também cheguei a reler alguns trechos. Acho que sei do que trata mas realmente gostei de ouvir isso dito outra vez. Penso que entendo melhor o que o tem perturbado esses anos e que, de fato, perturba a mim também, agora. Não gostamos da situação que ora predomina, onde um ser humano é posto de lado, banido, por assim dizer, ignorado, rotulado e chamado de “doente da mente”.” (Menninger apud SZASZ, 1994: 304)


“É desonesto valer-se do pretexto de que cuidar coercitivamente do doente mental invariavelmente o ajuda e que abster-se de tal coerção é o mesmo que “sonegar-lhe o tratamento”. Toda política social acarreta benefícios e prejuízos. Embora nossas idéias sobre benefícios e danos variem de tempos em tempos, a história nos ensina a estar precavidos com benfeitores que privam seus beneficiários da liberdade.” (SZASZ, 1994: 308)

NUESTRO DERECHO A LAS DROGAS – 1992

“Es um grave error conceptualizar determinadas drogas como “enemigo peligroso” al que debemos atacar y eliminar, em vez de aceptarlas como substancias potencialmente provechosas, así como también potencialmente dañinas, y aprender a manejarlas competentemente.” (SZASZ, 1992: 26)

“Desde la ficción de que los negros eran propiedad ajena y desde las leyes basadas em ella que facultaron a los blancos a esclavizarles literalmente, la nación se traslado a la ficción de que determinadas drogas esclavizaban (metafóricamente) a las personas, y a la legislación basada em ella que ilegalizo drogas conducentes a la esclavitud.” (SZASZ, 1992: 35)

“No responsabilizamos de la obesidad de los gordos a quienes les venden comida, pero atribuimos los hábitos de los adictos a quienes les venden drogas.” (SZASZ, 1992: 47)

“No llamamos a los presos “consumidores de servicios penitenciarios” ni a los reclutas “consumidores de servicios militares”; pero llamamos a los pacientes mentales recluidos “consumidores de servicios de salud mental”, y a los adictos em libertad condicional “consumidores de servicios de tratamiento antidroga. Podríamos llamar también a los traficantes de drogas – reclutados para su decaptación por el anterior zar de las drogas, William Bennett – “consumidores de servicios de guillotina”. (SZASZ, 1992: 59)


“El abuso de drogas, como el abuso de alimentos o de sexo, solo puede herir o matar a la persona que abusa; y, por supuesto, raramente lo hace. Sin embargo, el abuso de leyes contra drogas – la criminalización del libre mercado de drogas – hiere y mata a usuários tanto como a las llamadas personas que abusan.” (SZASZ, 1992:67)

IL MITO DELLA PSICOTERAPIA – 1978

“Se volete svilire quello che una persona sta facendo, chiamate il suo atto psicopatologico e definite lei mentalmente malata; se volete esaltare quello che un individuo fa, chiamate il suo atto psicoterapeutico e lui un guaritore mentale.” (SZSAZ 16)

“Per tutto il diciannovesimo secolo la masturbazione fu considerata una causa e un sintomo di pazzia. Oggi è invece una tecnica psicoterapeutica impiegata dai terapeuti della sfera sessuale.” (SZASZ: 19)

“una paziente può evitare di parlare del senso di colpa connesso con la masturbazione  in psicoterapia, deve venir a patti con questa questione se, nel corso della terapia sessuale, le viene ordinato di esperimentare l’autostimolazione.” (HELEN KAPLAN apud SZASZ: 19 – 20)

“Al paziente viene raccomandato di eiaculare in situazioni che in passato avevano suscitato un’ansietà sempre piú intensa . All’inizio egli può masturbasi fino all’orgasmo in presenza della sua partner. Poi essa può portarlo all”orgasmo manualmente.” (HELEN KAPLAN apud SZASZ: 20)

“la masturbazione può essere terapeuticamente giovevole nella cura di un’ampia varietà di problemi sessuali e quindi è importante che il medico diventi bene informato e senza prevenzioni a questo riguardo se il paziente o la paziente vuole giovarsi di tale modalità di trattamento.” (JACK ANNON apud SZASZ: 20)

“Per decenni il nudismo fu considerato una forma di esibizionismo e di voyeurismo, vale a dire una perversione e di conseguenza una malattia mentale. Oggi è una forma accettata di trattamento medico.” (SZASZ: 20)

“In realtà la psicoterapia si riferisce a quanto due o piú persone fanno le une per le altre, e le une alle altre, mediante messaggi verbali e non-verbali.” (SZASZ: 25)

“se il cervello di una persona è malato e se un chirurgo opera questo paziente, si dice che pratica la neurochirurgia. Quindi l’invenzione stessa della parola psicochirurgia è profondamente rivelatrice del suo carattere di terapia fittizia su un organo metaforico.” (SZASZ: 28)

“Il concetto di psicoterapia ci tradisce giudicando aprioristicamente l’interazione come “terapêutica” per il paziente, nelle intenzioni o nei risultati o in entrambe le cose.” (SZASZ: 30)


“In breve, la psicoterapia è etica secolare. È la religione di persone formalmente irreligiose: una religione col suo linguaggio, che non è il latino ma il gergo medico, cuoi suoi codici di condotta, che non sono etici ma legalistici, e con la sua teologia, che non è il cristianesimo ma il positivismo.” (SZASZ: 31)

A ESCRAVIDÃO PSIQUIÁTRICA – 1977

“Uma explicação se refere a um acontecimento, ao passo que uma justificação se refere a um ato. A diferença entre esses termos é mais ou menos a mesma que existe entre coisas e pessoas.” (SZASZ, 1986: 17)

“Assim como os verdadeiros crentes do judaísmo acreditam que os judeus são o Povo Escolhido e assim como os verdadeiros crentes do cristianismo acreditam que Jesus é Deus, assim também os verdadeiros crentes da psiquiatria acreditam que a esquizofrenia paranóide é uma doença mental identificável e que os que sofrem dessa doença são perigosos.” (SZASZ, 1986: 61)

“Desde o início, portanto, o direito do louco de obter assistência foi, de fato, o direito do alienista de colocá-lo em reclusão; e, na era atual, a reivindicação do direito a tratamento do paciente psiquiátrico é, na verdade, a reivindicação do direito do psiquiatra de tratá-lo.” (SZASZ, 1986: 129)


“Os indivíduos não vem ao mundo com o rótulo de “escravo” e “não-escravo”, “esquizofrênico” e “não-esquizofrênico”, “perigoso” e “não-perigoso”. Nós – os traficantes de escravos e proprietários de latifúndios, psiquiatras e juízes – é que os rotulamos dessa maneira.” (SZASZ, 1986: 154)

ESQUIZOFRENIA: O SÍMBOLO SAGRADO DA PSIQUIATRIA – 1976

“Designamos pelos termos “dementia praecox” ou “esquizofrenia” um grupo de psicoses cujo curso é, por vezes, crônico, outras vezes marcado por ataques intermitentes, e que podemos sustar ou fazer retroceder em qualquer estágio, mas que não permite uma total restituio ad integrum. A doença é caracterizada por um tipo específico de alteração do pensamento...” (Eugen Bleuler apud SZASZ, 1978: 9)

“(...) a afirmação de que algumas pessoas têm uma doença chamada esquizofrenia (e de que algumas, presumivelmente, não a têm) baseia-se unicamente na autoridade médica e não em qualquer descoberta da Medicina: de que isso foi, em outras palavras, o resultado de uma tomada de decisão ética e política, e não de um trabalho científico empírico.” (SZASZ, 1978: 17)

“O que aconteceria então a Psiquiatria se a medicina e a lei, o povo e os políticos reconhecessem o caráter metafórico e mitológico da doença mental? Essa desmistificação da Psiquiatria abalaria e destruiria a Psiquiatria como especialidade médica, tão seguramente quanto a desmistificação da Eucaristia abalaria e destruiria o catolicismo romano como religião.” (SZASZ, 1978: 44)

“Certos aspectos do conceito de doença têm sido, é claro, discutidos com bastante freqüência... e a moderna legislação compele-nos a formular uma definição clara, se bem que fragmentária, talvez, aqui e ali. Mas definições desse tipo são jurídicas, e não médicas.” (Eugen Bleuler apud SZASZ, 1978: 72)

“Quando o médico deseja dar ao paciente uma pitada de encorajamento, diz-lhe que seu estado de nervos se deve ao excesso de trabalho; se deseja revigorar seu próprio ego à custa do paciente, diz-lhe que o seu estado de nervos se deve à masturbação; ambas as declarações são autistas... O pensamento negligente é oligofrênico e conduz ao erro; o pensamento autista é paranóide e leva a alucinação.” (SZASZ, 1978: 110)


“quando os nazistas estigmatizaram e confinaram judeus, isso é perseguição; quando os americanos estigmatizam e segregam seus compatriotas que tem pele negra ou ancestralidade nipônica, isso também é perseguição. Mas quando pessoas no mundo inteiro estigmatizam e segregam seus parentes e vizinhos que se comportam de maneira que não é do agrado da maioria – e quando essa estigmatização se efetua mediante labéus e segregações pseudomédicas – então isso deixa de chamar-se perseguição, e é geralmente aceito como Psiquiatria.” (SZASZ, 1978: 114)

EL SEGUNDO PECADO – 1972

“Un niño se hace adulto cuando se da cuenta de que tiene derecho, no sólo a tener razón, sino también a estar en un error.” (SZASZ, 1972: 14)

“Los psiquiatras inventan teorías complicadas para explicar por qué las personas se casan y se divorcian. Pero el significado de estos actos es bastante claro de por sí. Lo que requiere una explicación es por qué los individuos permanecen casados.” (SZASZ, 1972: 16)

“Masturbación: al actividad sexual primaria del género humano. En el sigo XIX era una enfermedad; el el XX es una cura Es el método de satisfacción sexual.” (SZASZ, 1972: 19)

“En el reino animal la regla es: comed o sed comidos; en el reino humano: definid o sed definidos.” (SZASZ, 1972: 25)

“Decimos que los católicos que no comen carne los viernes y los judíos que nunca comen carne de cerdo son devotamente religiosos; no decimos que los católicos sufren de ataques recurrentes de fobia a la carne, ni que a los judíos les aflige uma fobia fija a la carne de cerdo. En cambio, decimos que las mujer que no salen de casa sufren agorafobia que los hombres que no viajan en avión padecen de miedo patológico a volar; no décimos que estos hombres y estas mujeres son cobardes devotos.” (SZASZ, 1972: 25)

“A los conceptos como el suicidio, el homicidio y el genocidio deberíamos añadir el «semanticidio», es decir, el asesinato del lenguaje. El mal uso deliberado (o casi deliberado) del lenguaje por medio de la metáfora oculta y la mitificación profesional rompe el contrato básico entre las personas, a saber, el acuerdo tácito sobre el uso apropiado de las palabras. Así es que los «grandes» filósofos y políticos cuyo objetivo era controlar al hombre, desde Rousseau hasta Stalin y Hitler, han predicado y practicado el semanticidio; mientras que los que han tratado de liberar al hombre para que fuera su propio dueño, desde Emerson hasta Kraus y Orwell, han predicado y practicado el respeto por el lenguaje.” (SZASZ, 1972: 26)

“Los diagnósticos psiquiátricos son etiquetas estigmatizadoras que se expresan de un modo que les haga parecer diagnósticos médicos y se aplican a personas cuyo comportamiento molesta y ofende a otras. A los que sufren y se quejan de su próprio comportamiento se les suele clasificar como «neuróticos»: aquellos cuyo comportamiento hace sufrir a otros y que provocan quejas de los demás se les acostumbra a clasificar como «psicóticos».” (SZASZ, 1972: 29)

“La libertad es lo que la mayoría de las personas quieren para sí mismas y lo que más desean negarles a los demás.” (SZASZ, 1972: 35)

“En otro tiempo, a los norteamericanos acusados de asesinato se les consideraba inocentes hasta que se demostrara su culpabilidad; hoy se les considera locos hasta que se prueba que están cuerdos.” (SZASZ, 1972: 36)

“Todo benefactor quiere controlar a la persona a quien hace bien. El sacerdote controla en nombre de Dios; el médico en nombre de la salud. Esta propensión universal a controlar a los demás choca y se contradice con el objetivo de hacer del hombre un individuo responsable de sí mismo.” (SZASZ, 1972: 39)

“Si podemos definir y experimentar nuestro deber como nuestro deseo, entonces somos felices, bien adaptados, normales. Si esta congruencia se desmorona, nos sentimos engañados, frustrados, deprimidos; incluso es posible que sintamos rabia y envidia contra quienes fueron más egoístas que nosotros y, por ende, menos atentos a las obligaciones.” (SZASZ, 1972: 41)

“La gente dice a menudo que tal o cual persona todavía no se ha encontrado a sí misma. Pero el ser propio no es algo que se encuentra; es algo que se crea.” (SZASZ, 1972: 42)

“Un concepto clave para comprender el comportamiento (tanto el «normal» como el «anormal») es la personificación. Hay dos clases básicas de personificación: las que reciben apoyo y legitimidad públicos y las que no los reciben. Ejemplos de la primera clase son el actor que interpreta un papel en una obra o el niño pequeño que juega a ser bombero. Ejemplos de la segunda son el ama de casa sana que se queja de achaques y dolores o el carpintero sin trabajo que afirma ser Jesús. Cuando alguien se aferra empecinadamente a la definición de un papel que no es apoyado y lo proclama de forma pública y agresiva, le llamamos psicótico.” (SZASZ, 1972: 44)

“El misticismo junta y une; la razón divide y separa. Generalmente las personas anhelan más pertenecer a algo que comprender. De aquí que el misticismo desempene un papel destacado en los asuntos humanos, mientras que el papel de la razón es limitado.” (SZASZ, 1972: 44)

“Cuando una persona ya no es capaz de reírse de sí misma, ha llegado el momento de que otros se rían de ella.” (SZASZ, 1972: 47)

“Ningún fármaco puede expandir la consciencia; lo único que un fármaco puede expandir son las ganancias de la compañía que lo fabrica.” (SZASZ, 1972: 50)

“Tratar la adicción a la heroína con metadona es como tratar la adicción al whisky escocés con whisky norteamericano.” (SZASZ, 1972: 50)

“El suicidio es un derecho humano fundamental. Esto no quiere decir que sea moralmente deseable. Sólo significa que la sociedad no tiene el derecho moral a entrometerse por la fuerza cuando una persona decide cometer dicho acto.” (SZASZ, 1972: 52)

“Llaman al aborto «asesinato» o «feticidio» quienes lo desaprueban; quienes son partidarios de él o no lo condenan lo denominan «control de la natalidad». De modo parecido, a causar la propia muerte sólo lo deberían llamar «suicidio» quienes lo desaprueban; y los que lo aprueban –o al menos no lo condenan– deberían llamarlo «control de la mortalidad».” (SZASZ, 1972: 52)

“La psiquiatría comunitaria promete acercarnos al día en que todo el mundo cuidará a todos los demás y nadie cuidará de sí mismo.” (SZASZ, 1972: 55)

“No hay ni puede haber abusos de la psiquiatría institucional porque la psiquiatria institucional es ella misma un abuso, del mismo modo que no había ni podia haber abusos de la Inquisición porque la misma Inquisición era un abuso. A decir verdad, de igual manera que la Inquisición era el abuso característico y, quizá evitable, del cristianismo, la psiquiatría institucional es el abuso característico y tal vez inevitable de la medicina.” (SZASZ, 1972: 56)

“El «depresivo» tiene la moral abatida; el psiquiatra se la levanta por medio de fármacos. El «maníaco» tiene la moral alta; el psiquiatra utiliza fármacos para bajársela. Estos ejemplos ilustran el principio en que se basa la psiquiatría institucional (y orgánica): todo lo que haga el paciente está mal, y todo lo que haga el psiquiatra está bien.” (SZASZ, 1972: 56-57)

“(...) lo que hacer que una intervención médica sea permisible desde el punto de vista moral no es el hecho de que sea terapéutica, sino que el paciente la desea. De modo parecido, lo que hace que la intervención casi médica de la hospitalización psiquiátrica forzosa no sea moralmente permisible no es su carácter dañino, sino que se trate de algo que el supuesto paciente no quiere.” (SZASZ, 1972: 59)

“Todas las enfermedades «corrientes» que tienen las personas también las tienen los cadáveres. Así pues, cabe decir que un cadáver «tiene» cáncer, neumonía o un infarto de miocardio. La única enfermedad que es seguro que un cadáver no puede «tener» es la mental. No obstante, la postura oficial de la American Psychiatric Association y de otros grupos médicos y psiquiátricos es que «la enfermedad mental es como cualquier otra enfermedad».” (SZASZ, 1972: 64)

“Decir que la mente de una persona está enferma es como decir que la economía está enferma o que un chiste está enfermo. Cuando se confunde la metáfora con la realidad y se usa con fines sociales tenemos los elementos para fabricar um mito. Los conceptos de salud mental y enfermedad mental son conceptos mitológicos que se usan estratégicamente para facilitar el avance de algunos intereses sociales y retrasar el de otros, de forma muy parecida al uso que se ha hecho en el pasado de los mitos nacionales y religiosos.” (SZASZ, 1972: 70)

“Si hablas con Dios, estás rezando; si Dios habla contigo, tienes esquizofrenia. Si los muertos hablan contigo, eres un espiritista; si Dios habla contigo, eres un esquizofrénico.” (SZASZ, 1972: 72)

“Si crees que eres Jesús, o que has descubierto una cura para el cáncer (y no es verdad), o que los comunistas te persiguen (y tampoco es verdad), entonces es probable que tus creencias se consideren síntomas de esquizofrenia. Pero si crees que los judíos son el Pueblo Escogido, o que Jesús era el Hijo de Dios, o que el comunismo es la única forma de gobierno científica y moralmente correcta, entonces es probable que tus creencias se tomen como reflejo de quién eres; judío, cristiano, comunista. Por esto creo que descubriremos la causa química de la esquizofrenia cuando descubramos la causa química del judaísmo, el cristianismo y el comunismo. Ni antes ni después.” (SZASZ, 1972: 72)

“La hipnosis: dos personas mintiéndose mutuamente, cada una de ellas fingiendo creer tanto sus propias mentiras como las de la otra persona.” (SZASZ, 1972: 77)

A FABRICAÇÃO DA LOUCURA – 1971

“O conceito de doença mental é análogo ao de feitiçaria. No século XV, os homens acreditavam que algumas pessoas eram feiticeiras, e que alguns atos eram devidos à feitiçaria. No século XX, os homens acreditam que algumas pessoas são insanas, e que alguns atos são devidos à doença mental.” (SZASZ, 1976: 19)

Os homens que acreditavam na feitiçaria criavam feiticeiras ao atribuir esse papel a outros, e às vezes a si mesmos. Dessa maneira, literalmente fabricavam feiticeiras cuja existência, como objetos sociais, provava a realidade da feitiçaria.” (SZASZ, 1976: 20)

“Um cidadão bem nascido de Spires tinha uma mulher de disposição tão teimosa que, embora tentasse agradá-la de todas as formas, recusava-se de todos os modos a atender aos seus desejos, e estava sempre atormentando-o com insultos injuriosos. Aconteceu que, ao voltar um dia para casa, como sua mulher se voltasse contra ele com palavras injuriosas, ele desejou ir embora, a fim de fugir de discussão. Mas a mulher correu rapidamente à sua frente, e fechou a porta pela qual o marido desejava sair; aos gritos, disse-lhe que, se não batesse nela, isso indicaria que ele não era honesto nem fiel. Diante dessas palavras pesadas, o marido estendeu a mão, sem a intenção de feri-la, e bateu de leve, com a mão aberta, no traseiro da mulher. Imediatamente depois disso, o marido caiu ao chão, e perdeu os sentidos, ficando na cama vários dias, com doença grave. Ora, é evidente que essa doença não era natural, mas causada por alguma feitiçaria da mulher. E muitos casos semelhantes já ocorreram, conhecidos por muitas pessoas.” (Sprenger e Krämer apud SZASZ, 1976: 37)

Para o psiquiatra fanático, todos os homens são loucos, assim como para o teólogo fanático todos os homens são pecadores” (SZASZ, 1976: 68)

“A verdade. Não; por sua natureza, o homem tem mais medo da verdade do que da morte – e isso é perfeitamente natural: afinal, a verdade, para o ser natural do homem, é ainda mais repugnante do que a morte. Se assim é, por que devemos nos admirar de que tenha tanto medo dela? (...) Afinal, o homem é um animal social – apenas no rebanho pode sentir-se feliz. Para ele, é indiferente estar diante do mais profundo senso comum ou da maior vileza – sente-se inteiramente à vontade com essa afirmação, desde que seja a opinião do rebanho, ou a ação do rebanho, e possa juntar-se ao rebanho.” (Sören Kierkegaard apud SZASZ, 1976: 87) Epígrafe

“Todo grupo – e isso inclui as sociedades – é organizado e conservado por algumas idéias, práticas e valores que não podem ser discutidos ou desafiados sem provocar sua perturbação, ou, pelo menos, o medo de perturbação. (...) Portanto, ver o mundo de forma diferente pode nos ameaçar com a solidão; dizer que o vemos de forma diferente nos ameaça com ostracismo. Portanto, a hipocrisia é a homenagem que o intelecto paga aos costumes.” (SZASZ, 1976: 88)

“As pessoas de bem dão nomes às coisas, e estas conservam tais nomes (...) [O bode expiatório] está do lado dos objetos que recebem nomes, não daqueles que o dão.” (Jean-Paul Sartre apud SZASZ, 1976:126) Epígrafe

“Ficou muito fácil ver que os homens infelizes do passado viviam de acordo com crenças erradas e até absurdas; assim, podemos não ter um respeito adequado por eles, e esquecer que os historiadores do futuro indicarão que também nós vivemos de acordo com mitos.” (Herbert J. Muller apud SZASZ, 1976:143) Epígrafe

“A doutrina de que a doença mental é uma doença está muito firmemente estabelecida pela ciência para que possa ser considerada falsa. O prestígio e a tradição da profissão médica ficam como obstáculos para a rápida correção desse erro monumental.” (SZASZ, 1976: 150)

“A grande maioria dos livros sobre história da Psiquiatria sofre as mesmas deformações que as histórias da escravidão escritas antes da Guerra Civil por homens favoráveis à manutenção dos escravos. Os manuais padrões sobre a história da Psiquiatria são descrições das glórias da Psiquiatria Institucional. Ainda não se escreveu uma história da Psiquiatria do ponto de vista do “paciente”.” (SZASZ [nota de rodapé], 1976:158)

“As ideologias apresentadas em vocabulário terapêutico ou de salvação são muito resistentes à crítica. Tais sistemas de crença não apenas impõe obediência à verdade, tal como é revelada a sacerdotes ou médicos, mas também definem o ceticismo como heresia ou loucura. Portanto, a significação real da retórica terapêutica está em seu poder para desarmar a vítima e o crítico. Afinal, numa sociedade cristã quem é que pode opor-se a Deus? Apenas um herético. E numa sociedade científica, quem é que pode opor-se à saúde mental? Apenas um louco.” (SZASZ, 1976: 164-165)

“Benjamin Rush afirmava que os negros tinham pele negra porque eram doentes: admitia que sua doença devia ser usada como justificativa para seu controle social. O seguidor contemporâneo de Rush afirma que os homens cuja conduta sexual condena são doentes: usa sua doença como justificativa para seu controle social.” (SZASZ, 1976: 203)

“Fingindo tratar uma doença semelhante a sarampo durante seu período de incubação a fim de tratá-la melhor, o psiquiatra na realidade impõe rótulos pseudomédicos aos bodes expiatórios da sociedade, a fim de melhor prejudicá-los, rejeitá-los e destruí-los.” (SZASZ, 1976: 207)

Segundo o Psiquiatra Irving Bieber: “A incapacidade para casar, em qualquer dos sexos, é conseqüência de medo do casamento. Existe um crescente reconhecimento de que o celibato é sintoma de psicopatologia ...” (Time, 15 de set., 1967 p. 27) Nota de rodapé apud SZASZ, 1976: 209)

“Na primeira metade do século XIX, a masturbação gradualmente se torna definida como um problema psiquiátrico.” (SZASZ, 1976: 218)

Em 1816 o psiquiatra Esquirol afirma: “A masturbação é reconhecida em todos os países como causa comum de insanidade” (apud SZASZ,1976: 219)

Em 1822 Esquirol afirma: “O onanismo é um sintoma grave na mania; se não for impedido imediatamente, é um obstáculo insuperável à cura. Ao reduzir as capacidades de resistência, reduz o paciente a um estado de estupidez, à tísica, ao marasmo e à morte.”  (apud SZASZ, 1976: 219)

“(...) o opressor invariavelmente se vale da força e da fraude para dominar e explorar seu antagonista; frequentemente cria uma retórica terapêutica, justificando seu domínio por afirmações de altruísmo e um desejo de ajudar a vítima; a crítica à prática opressiva fica impossível por causa da perseguição do crítico como um traidor da ordem social existente; finalmente, a ideologia da coerção útil é institucionalizada, estabilizando e perpetuando as práticas persecutórias por longos períodos de tempo.” (SZASZ, 1976: 238)

“Nunca é apenas o homem que comete um delito contra seu semelhante. Alguém ou alguma coisa – o demônio, a masturbação, a doença mental – sempre intervêm, para obscurecer, desculpar e atenuar a desumanidade do homem com relação ao homem.” (SZASZ, 1976: 240)

“A nossa sociedade secular teme a homossexualidade da mesma forma e com a mesma intensidade com que as sociedades teológicas de nossos antepassados temiam a heresia. A qualidade e a extensão dessa aversão são reveladas pelo fato de que a homossexualidade é considerada um crime e uma doença.” (SZASZ, 1976: 279) (grifos do autor)

Em qualquer exame de pessoa inferior por uma autoridade superior, devemos supor que a primeira possa modelar suas respostas de acordo com as expectativas do segundo; em resumo, que possa mentir”. (SZASZ, 1976: 287)

“O judeu está livre para fazer o mal, mas não o bem; tem apenas livre-arbítrio necessário para assumir responsabilidade integral pelos crimes que praticou; não livre-arbítrio para conseguir a reforma.” (SATRE apud SZASZ, 1976: 308) (grifos do original)

“Para o grupo, é mais fácil proteger-se da acusação de que transforma em vítimas alguns dos seus membros do que o indivíduo proteger-se da acusação de que ofende a comunidade.” (SZASZ, 1976: 317)

“A violência potencial de alguns evidentemente não justifica a violência efetiva de muitos.” (SZASZ, 1976: 317)


“Geralmente, retiramos o sentido que os outros dão às suas vidas, validando nossa humanidade ao invalidar a deles.” (SZASZ, 1976: 325)